segunda-feira, 4 de março de 2013

O espaço das cidades e o tráfico/consumo de drogas


O contexto de abordagem temática do livro CIDADE DE TODOS inclui a discussão de um assunto preocupante como é o caso da falta de segurança pública nos municípios associada ao tráfego/consumo de drogas. Verifica-se que a fração da sociedade envolvida com a criminalidade, talvez estimulada pelo consumo e ou tráfico de drogas, assim como pela facilidade de obter armas e munições, tornou-se mais ousada e cruel nas ações criminosas.
Os estudiosos da Geografia Urbana podem contribuir com os setores de inteligência da Polícia e instituições ligadas à problemática das drogas com pesquisas que associam as condições físicas territoriais e a dinâmica socioeconômica do espaço urbano, e rural, dos municípios e o modus operandi dos criminosos e viciados. Pelo que se observa da realidade esse tema passa inicialmente pelas respostas a estas perguntas:
1) Quais os lugares geográficos mais inseguros ou perigosos, no município, na visão da população, suas lideranças e dos pesquisadores do tema?    
2)  Qual a relação dos equipamentos públicos (bancos, supermercados, paradas de semáforos etc.), da infraestrutura (avenidas ou ruas com problemas de mobilidade ou acessibilidade, esburacadas, em terra, mal iluminadas etc.), das edificações (favelas, moradias de classe alta e média etc.) à configuração espacial de criminalidade?
3) Qual a eficiência dos alarmes, cadeados, porteiros eletrônicos, vigilantes; das câmaras inteligentes, cercas elétricas, grades, do "olho de gato" etc. na redução de riscos de assaltos, furtos e roubos comuns ou seguidos de assassinato?
4) Até que ponto o desenho urbano constituído pelo formato e localização das quadras, avenidas, ruas, praças etc. oferece apoio para a logística, inclusive pontos de fuga e esconderijo, dos criminosos?
5) Em que condição o estudo do desenho urbano e dos fatores de estímulo à adesão da população à prática da denúncia  constituem ferramentas para o êxito da Polícia na sua missão de garantir a segurança pública?
6) Em que medida os espaços social e economicamente marginalizados, e os fronteiriços com países produtores de drogas (Bolívia, Colômbia etc.)  dão origem a pessoas envolvidas com o tráfico/consumo de drogas?
Diante desses questionamentos esta postagem está aberta ao debate desse tema a todos os leitores e leitoras.

Boa leitura e participação!

10 comentários:

  1. É imperioso dar início a este debate afim de contribuir com soluções a esta temática que certamente é de interesse de todos. Penso que muita gente tem muito conhecimento prático sobre o tema. O desafio está lançado.

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  2. Uma jornalista atuante num jornal de circulação na região de Ribeirão Preto (SP) assim se manifestou quanto a associação do espaço ao consumo/tráfico de drogas:
    Uma praça interligada por várias ruas ou avenidas são preferidas pelo fato de oferecer mais opões de fuga; ou situada nas imediações de matagais, canaviais ou prédios abandonados são mais frequentadas por suas condições de esconderijo da droga ou do infrator (consumidor/traficante).

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  3. O chefe da redação do mesmo jornal da postagem anterior assim se manifestou sobre o tema:
    A falta ou a iluminação deficiente ou árvores de grande porte de uma via pública formam pontos de escuridão ou penumbra que protegem ou exercem o papel de "camuflar" o consumidor ou traficante de drogas.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Vera de Souza defendeu sua dissertação de mestrado em 2010 e ao abordar a temática do espaço relacionado à criminalidade assim se manifestou na pesquisa sobre favelas em Belo Horizonte: "Se por um lado [a favela] parece inibir certos tipos de crimes, como os furtos e assaltos, por outro parece propiciar a emergência de territorialidades e a reversão de atributos propícios ao controle social a favor de grupos criminosos, como os ligados ao tráfico de drogas".
    obs.: este texto foi removido do comentário anterior postado hoje.

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  6. Num trecho do artigo publicado em 2005 numa revista de Salvador/BA o autor Carlos Alberto Gomes passa sua visão do espaço em relação à criminalidade:
    "[...] A impossibilidade de circulação [viária] inviabiliza parte das ações de policiamento e proporciona condições de confronto com os órgãos de segurança pública. O Município e a Justiça não dinamizam ações que poderiam contribuir na redução da criminalidade. O tema é confundido com situações de ordem econômica que tornam difuso o foco sobre o problema".

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  7. David Morais publicou um trabalho em 2009 numa revista de uma universidade de Curitiba (PR) em que avalia os padrões de criminalidade associados ao que ele chama de espaço público. Aqui vai um trecho de seu trabalho para reflexão e discussão:"A rua, que sempre representou a polis, o livre comércio, a troca e o lazer, que simbolizava a liberdade da cidade, tem hoje o seu sinal duplamente invertido: é o lugar do perigo, da luta pela vida,
    do encontro com a morte".

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Na dissertação de Mestrado, defendida em 2002 numa universidade do Rio Grande do Sul, Liése Vieira analisa a criminalidade no espaço construído do que ele chama de conjuntos habitacionais. E comenta: "O layout [disposição física] do ambiente não irá causar ou inibir a atividade criminal, ou determinar o nível de segurança do espaço, mas nos locais onde o problema da falta de segurança existe, o layout e a organização do espaço podem torná-lo mais seguro".
    obs: este texto foi removido do comentário anterior postado hoje.

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  10. Um artigo publicado em 2011 numa revista de Mossoró (RN) seus responsáveis Fonteles Neto e Alysson Lima buscam entender a narração da relação espaço urbano versus crime pela imprensa local entre 1872-1928, quando então a vida na cidade passava por mudanças. Para os autores "a ênfase da narrativa da imprensa local está nos crimes de distúrbios à ordem pública pelo consumo de bebidas alcoólicas e jogos de azar, pois acreditavam que essas práticas corrompiam os homens e leva-os a infringir a lei". E na sequência diziam:"Entre os lugares apresentados como espaços [geográficos] de distúrbios encontramos a rua Victor-Hugo e o porto de Santo Antonio, locais perigosos, cenários de constantes crimes e mazelas da cidade [...]"

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