Fonte: VIEIRA, E. A. (2016)
Numa resenha publicada na Revista Geografia (nº 22) Muller Filho diz que a natureza e o homem são os dois agentes produtores do espaço. As características do espaço produzidas pela natureza geralmente são diferentes daquelas originadas na tomada de decisão pelo homem com a finalidade de organiza-lo.
Portanto, quando se fala de tomada de decisões humanas a ideia que se tem é de um comportamento que se guia por impulsos exteriorizados a partir de concepções, modos de pensar e viver das pessoas que tomam decisões (governantes, líderes empresariais e comunitários etc.).
Logo, se o homem é um agente produtor do espaço que age por impulsos que se alimentam do modo de pensar e viver do tomador de decisão, então pode-se dizer que o espaço está organizado de acordo com o comportamento das pessoas.
Cumpre destacar que até as décadas de 1960 e 1970 grande parte dos estudos geográficos tratavam dos elementos produzidos pela atividade humana (sistema viário, edificações, fábricas etc.) com base nos seus aspectos construtivos e/ou arquitetônicos.
Mas o comportamento dos tomadores de decisões que influenciavam a construção, organização e reorganização do espaço era pouco estudado pela geografia. Ou seja, praticamente não tinham estudos sobre o que levou o tomador de decisão a conceber um determinado elemento construído.
E esta lacuna passou a ser suprida nos últimos 30 anos pela Geografia do Comportamento com o auxílio da Psicologia que passou a fazer os questionamentos sobre os produtos espaciais das decisões humanas.
Como produtos espaciais de origem humana estão os sistemas e meios de transporte, as edificações, fábricas, pontes entre outros.
E os questionamentos foram:
1) O que levou os tomadores de decisão a construir uma usina hidrelétrica (Itaipu) na divisa com o Paraguai?
2) Qual a motivação da atitude dos produtores rurais de substituir a cultura do café pela do algodão, da soja e agora da cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto?
3) O que levou um prefeito a decidir pela priorização da construção de casas populares e implantação de posto de saúde, creche ou clube da Terceira Idade?
4) A tomada de decisão é compartilhada com os interessados diretos dos seus efeitos?
Assim, as respostas a esses questionamentos proporcionaram ao geógrafo os dados necessários à compreensão dos fundamentos da organização do espaço urbano de uma dada cidade.
E a partir daí ele pôde contribuir com ferramentas para a sua reorganização no interesse dos usuários. Esse tema integra uma relação de cursos profissionalizantes sobre temas das cidades.
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